sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Beck



“Bek David Campbell” é um cantor e multi-instrumentalista que já está na “batalha” desde 1985. Interessante é que, por toda a sua história, ele tinha tudo pra constar na minha lista de favoritos. Entretanto, nunca consegui gostar dos seus trabalhos. Aliás, sempre que aparecia algum álbum melhorzinho, o próximo era um desastre! Dava a impressão que não havia uma identidade musical que norteasse sua carreira. Enfim...

Depois de quase 6 anos, seu 12º álbum (“Morning Phase”) acaba de “vazar” e, querem saber? Até que está bem legal! Aos 44 anos parece que ele encontrou um caminho mais equilibrado... Tem gente que demora, né! (rs)


quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Vida/Morte



“Infinite Religions” é um projeto do músico Neal Calvin Peterson, de Minneapolis (USA). O plano consiste no lançamento de alguns álbuns, enfocando, em cada um, questões filosóficas ou religiosas. O primeiro álbum (na verdade um EP) foi lançado dia 21 de janeiro e recebeu o título “Duality”, contendo 3 músicas: “Life”, “Death” e “Duality”, uma composição (estranha, rs) a partir das duas primeiras.

Além dos cd’s “normais”, foi confeccionada  uma edição limitada de 99 vinis, com uma nova técnica de prensagem, com 2 vinis, um para cada música (Life e Death), de tal forma que, ao se sobrepor um ao outro, será possível ouvir a combinação das duas (Duality). Não me perguntem como isso é possível! (rs)

Pequena reflexão: não entendo os conceitos de vida e morte como intrinsecamente duais, como se a morte fosse o cessar da vida, ou um fato em oposição à vida. Na verdade penso que, além de uma complexidade fenomênica muito grande, esses dois conceitos pertencem e devem ser objetos de estudo de áreas diferentes do conhecimento. O fenômeno da vida é algo a ser investigado no âmbito das ciências empíricas (particularmente pelas ciências da vida), enquanto que a morte só é passível de ser objeto das filosofias transcendentais (as filosofias do ser) e, portanto, fora dos limites da razão. Conceitos distintos e que pertencem a níveis diferentes do saber humano. Mas isso é algo a ser explorado melhor em outra ocasião (rs).


Suplício

“Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757, a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris, levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento...

... Finalmente foi esquartejado. Essa última operação foi muito longa, porque os cavalos utilizados não estavam afeitos à tração; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; e como isso não bastasse, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz, cortar-lhe os nervos e retalhar-lhe as juntas...

... As dores excessivas faziam-no dar gritos horríveis...  Os espectadores ficaram todos edificados com a solicitude do cura de Saint-Paul que, a despeito de sua idade avançada, não perdia nenhum momento... Acendeu-se o enxofre, mas o fogo era tão fraco que a pele das costas da mão mal e mal sofreu. Depois, um executor, de mangas arregaçadas acima dos cotovelos, tomou umas tenazes de aço preparadas ad hoc, medindo cerca de um pé e meio de comprimento, atenazou-lhe primeiro a barriga da perna direita, depois a coxa, daí passando às duas partes da barriga do braço direito; em seguida os mamilos. Este executor, ainda que forte e robusto, teve grande dificuldade em arrancar os pedaços de carne que tirava em suas tenazes duas ou três vezes do mesmo lado ao torcer, e o que ele arrancava formava em cada parte uma chaga do tamanho de um escudo de seis libras.

Depois desses suplícios, Damiens, que gritava muito sem, contudo, blasfemar, levantava a cabeça e se olhava; o mesmo carrasco tirou com uma colher de ferro do caldeirão daquela droga fervente e derramou-a fartamente sobre cada ferida. Em seguida, com cordas menores se ataram as cordas destinadas a atrelar os cavalos, sendo estes atrelados a seguir a cada membro ao longo das coxas, das pernas e dos braços... Os cavalos deram uma arrancada, puxando cada qual um membro em linha reta, cada cavalo segurado por um carrasco. Um quarto de hora mais tarde, a mesma cerimônia, e enfim, após várias tentativas, foi necessário fazer os cavalos puxar da seguinte forma: os do braço direito à cabeça, os das coxas voltando para o lado dos braços, fazendo-lhe romper os braços nas juntas. Esses arrancos foram repetidos várias vezes, sem resultado. Foi necessário colocar dois cavalos, diante dos atrelados às coxas, totalizando seis cavalos.

Depois de duas ou três tentativas, o carrasco Samson e o que lhe havia atenazado tiraram cada qual do bolso uma faca e lhe cortaram as coxas na junção com o tronco do corpo; os cavalos, colocando toda força, levaram-lhe as duas coxas de arrasto, isto é: a do lado direito por primeiro, e depois a outra; a seguir fizeram o mesmo com os braços, com as espáduas e axilas e as quatro partes; foi preciso cortar as carnes até quase aos ossos; os cavalos, puxando com toda força, arrebataram-lhe o braço direito primeiro e depois o outro. Uma vez retiradas essas quatro partes, desceram os confessores para lhe falar, mas o carrasco informou-lhes que ele estava morto, embora, na verdade, eu visse que o homem se agitava, mexendo o maxilar inferior como se falasse. Um dos carrascos chegou mesmo a dizer pouco depois que, assim que eles levantaram o tronco para o lançar na fogueira, ele ainda estava vivo. Os quatro membros, uma vez soltos das cordas dos cavalos, foram lançados numa fogueira preparada no local sito em linha reta do patíbulo, depois o tronco e o resto foram cobertos de achas e gravetos de lenha, e se pôs fogo à palha ajuntada a essa lenha.

...Em cumprimento da sentença, tudo foi reduzido a cinzas. O último pedaço encontrado nas brasas só acabou de se consumir às dez e meia da noite. Os pedaços de carne e o tronco permaneceram cerca de quatro horas ardendo. Os oficiais, entre os quais me encontrava eu e meu filho, com alguns arqueiros formados em destacamento, permanecemos no local até mais ou menos onze horas.”


Extraído do livro “Vigiar e Punir”, de Michel Foucault, em que é reproduzida a conclusão dos autos do processo de execução de um criminoso, em Paris, no século XVIII.

Lembrei-me disso ao ver hoje um vídeo no FB... quase 3 mil “curtidas”, quase 10 mil compartilhamentos, mais de 5 mil comentários. Um jovem, baleado por policiais quando praticava um assalto, se esvai no meio da multidão e acaba morrendo, afogado no próprio sangue...

É, acho que sua morte teve mais espectadores do que a de Damiens... é o progresso dos nossos tempos!

PS: Pra quem tiver estômago...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Água Empoçada

“Somos uma mente ‘amarrada’ a um tubo digestivo. Um deus ‘amarrado’ a um corpo que apodrece. Somos uma mente que sabe mais do que deveria… Ao mesmo tempo em que nunca vai saber o tanto quanto precisaria.”

- O que você fez da sua vida?
- Acredito que nunca fazemos “algo” da vida!
- Pode ser... Mas, “ela”, com certeza, fez alguma coisa de você!
- Nem sempre... O que espera você da sua?
- Hum... sei tudo o que não espero dela! Além disso, sempre temos opções.
- No essencial não somos nós que optamos. Apenas resistimos.
- A quê? Que essencial é esse?
- A consciência da morte.
- Se sabemos da morte apenas que ela é um ponto, onde isso pode afligir?
- Falo da verdadeira morte, que é a decadência. O mais grave da morte não é a morte “em si”, fato pontual. O que aflige é envelhecer, esse sentimento de “água empoçada”...

(Diálogo inspirado em André Malraux e outras coisinhas lidas por aí... rs)

Um folk além do folk



Sam Amidon (3/6/1981) é um dos mais peculiares cantores folk/country que já conheci. Nascido na pequena cidade de Brattleboro em Vermont (USA) passou a sua infância/adolescência num ambiente musical (seus pais e irmãos eram músicos). Ainda muito criança aprendeu a tocar banjo, que passou a ser o seu instrumento preferido. Estudou também música erudita, o que explica a sofisticação melódica que permeia o seu trabalho.

Ao contrário dos muitos cantores folk “usuais”, Sam não é um músico que baseia sua arte apenas nas tradições do estilo country. Embora o fundo de todas as suas canções esteja sempre repleto de elementos dessa música tradicional, seu estilo vai muito além. Podemos dizer que o seu estilo traz influências que vão do jazz, passando pela música erudita, incluindo até a música indígena (mistura interessante, né! rs), resultando em canções quase sempre solitárias e contemplativas, entoadas com “cordas calmas e um clima frio”, como o das montanhas de Vermont. Eu gosto demais!

Discografia
Solo Fiddle (2001)
Home Alone Inside My Head (2003)
But This Chicken Proved False Hearted (2007)
All Is Well (2008)
I See the Sign (2010)
Bright Sunny South (2013)

Uma amostra da sonoridade do rapaz…


terça-feira, 28 de janeiro de 2014

É isso aqui...

Vamos combinar? Aquilo é meio como os cortiços da Bela Vista, aquela gentarada empilhada, umas sobre as outras... É um dando lição de “moral”, outro, receita de panqueca, outro, mandando recados... fora as intermináveis mensagens de... me recuso a comentar! (rs)  

E tem os chatos! Ah, como tem gente chata por lá! Deve ser a maior concentração de chatos por m2 da surface web! E como já estava fazendo quase um ano das minhas desventuras por lá (poucas coisas na vida eu consegui tocar por mais de um ano!), resolvi voltar para esse bucolismo campestre do blogger.

O que eu vou fazer aqui? O que sempre faço... falar de mim, dos meus gostos, de música (quanto mais estranha, melhor... rs), enfim, o que me der na veneta. Mas, oh, não sei se por aqui vai durar mais de ano, tá!

Se você for um refugiado, seja bem vindo! Só não garanto que irá gostar...