quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Walt Whitman



Poeta norte-americano (31/5/1819 - 26/3/1892), um dos maiores revolucionários, tanto na forma e na temática da poesia, como na vida. Defensor da abolição da escravatura, dos direitos das mulheres e do amor livre... tudo isso em meados do século XIX.

Criança solitária, neto de camponeses e filho de um carpinteiro, passou a infância no Brooklyn, então uma simples aldeia dos arredores de New York. Educado em rígidos padrões (sua mãe pertenceu a uma comunidade Quaker), estudou sempre em escolas públicas. Exerceu várias profissões: tipógrafo, professor, jornalista, operário agrícola, enfermeiro, empregado de escritório.

Após a Guerra Civil, conseguiu um cargo no Ministério do Interior, mas foi demitido pouco depois porque o titular da pasta se indignou com “Leaves of Grass”, livro de poemas publicado pela primeira vez em 1855 e reeditado com revisões e ampliações durante anos. Essa obra, repudiada pelos críticos de então, introduz o verso livre e dá tratamento poético a coisas e fatos do cotidiano, como, por exemplo, o progresso técnico e o sexo. Em 1873 uma doença vascular o deixa parcialmente paralítico. Passa então a morar em Camden, New Jersey. Em fins de 1891 publica a última edição de “Leaves of Grass” e morre poucos meses depois.

Em seus poemas, Whitman elevou a condição do homem moderno, celebrando a natureza humana e a vida em sua essencialidade, exprimindo em poemas visionários certo panteísmo e um ideal de unidade cósmica. Profundamente identificado com os ideais democráticos da nação americana, Whitman não deixou de celebrar o seu futuro. Ficou mais conhecido no exterior a partir das citações inseridas no enredo do filme Sociedade dos Poetas Mortos (1989).

Embora no cotidiano ele ocultasse aspectos da sua sexualidade, exprimiu em muitos de seus poemas a história de paixão e amor que viveu ao lado de Peter Doyle, ex-soldado da Guerra Civil. Foi uma relação intensa, apesar das crises, traições, idas e vindas. Doyle amparou o poeta na doença e na velhice, estando sempre a seu lado até o fim.


 (John Carroll – The Kiss)


QUANDO OUVI AO FINAL DO DIA

Quando ouvi ao final do dia que meu nome fora recebido com aplausos no capitólio, mesmo assim não foi uma noite feliz a que se seguiu;
e, antes, quando eu farreava, ou quando meus planos se realizavam, ainda assim eu não me alegrava,
mas no dia em que, me levantei da cama ao amanhecer, em perfeita saúde, refeito, cantando, respirando o hálito maduro do outono,
quando vi a lua cheia empalidecer no oeste e desaparecer na luz da manhã,
quando andei sozinho pela praia e, despido, me banhei, rindo com as águas geladas, e vi o sol nascer,
e quando pensei que meu querido amigo, meu amante, já estava a caminho, aí sim eu era feliz,
aí sim o respirar me pareceu mais doce, e durante todo o dia o alimento me nutriu melhor, e o lindo dia transcorreu perfeito,
e veio o seguinte com igual alegria, e no terceiro, ao anoitecer, chegou meu amigo,
e naquela noite, quando tudo estava quieto, ouvi as águas fluindo lenta e continuamente ao longo da costa;
ouvi o murmúrio suave do líquido e das areias, como se se dirigissem a mim num sussurro, a me felicitar,
pois quem eu mais amava dormia ao meu lado sob o mesmo teto na noite fria,
na quietude do luar de outono sua face se inclinava para mim,
e o braço descansava suavemente sobre meu peito – e naquela noite eu estava feliz.




2 comentários:

  1. "A um Estranho
    Estranho que passa! você não sabe com quanta saudade eu lhe olho,
    Você deve ser aquele a quem procuro, ou aquela a quem procuro, (isso me vem, como em um sonho,)
    Vivi com certeza uma vida alegre com você em algum lugar,
    Tudo é relembrado neste relance, fluído, afeiçoado, casto, maduro,
    Você cresceu comigo, foi um menino comigo, ou uma menina comigo,
    Eu comi com você e dormi com você – seu corpo se tornou não apenas seu, nem deixou o meu corpo somente meu,
    Você me deu o prazer de seus olhos, rosto, carne, enquanto passamos – você tomou de minha barba, peito, mãos, em retorno,
    Eu não devo falar com você – devo pensar em você quando sentar-me sozinho, ou acordar sozinho à noite,
    Eu devo esperar – não duvido que lhe reencontrarei,
    Eu devo garantir que não irei lhe perder."

    Eu não sabia da história dele, nem conheço a fundo, já li um ou outro poema dele... tem coisas bem interessantes...

    ResponderExcluir