domingo, 16 de março de 2014

Breve Divagação sobre Ética – Peter Singer



Acabei de ler “A Vida Que Podemos Salvar”, do filósofo Peter Singer, um estudioso da ética. Não aquela ética teórica, tão ao gosto dos acadêmicos, mas a que ele chama de “ética eficaz”. Sua linguagem é simples e direta, como convém nesse tipo de assunto. Por exemplo, ele questiona o leitor: imagine que você visse uma criança se afogando num lago. Você deveria salvá-la, mesmo correndo o risco de estragar seus melhores sapatos, que estivesse usando naquele momento? A resposta parece óbvia. Mas, ainda estamos, por esse exemplo, na dimensão teórica da imaginação. Que tal um exemplo mais “visual”?

Veja o singelo vídeo abaixo. Reflete imagens captadas por uma câmera de segurança, acontecidas “realmente” na China, há dois anos. É bem curto... e direto!



Chocante, né?! Uma menina de 2 anos é atropelada e agoniza em plena rua. Várias pessoas passam por ali, indiferentes. Mais um caminhão... alguém, finalmente, tira o corpo do meio da rua. Nem o darwinismo social conseguiria explicar, penso eu!

Um dado: segundo estatísticas da Organização Mundial de Saúde e do Unicef, em torno de 7 milhões de crianças morrem por ano no planeta, por doenças facilmente curáveis, por fome e por guerras. São mais ou menos 19.000 crianças por dia! Fora a quantidade (que os darwinistas argumentariam “fazer parte” da luta pela existência e sobrevivência dos mais aptos... ) qual a diferença entre o que nós sentimos (eu incluído aí!) ao “saber” essa informação e ao “assistir” o vídeo acima?

Não vou discutir as ideias do livro aqui. Isso daria um post enorme e redundante. São muitos argumentos, exemplos e estudos que demonstram que a nossa resposta face à pobreza mundial é insuficiente e por isso é moralmente incorreta! Mas, ele ainda é otimista. Ele acredita que está ao nosso alcance, enquanto indivíduos simplesmente éticos, acabar com a pobreza e com o sofrimento. Basta que não deleguemos essa ação a ninguém, aí incluídos governos, igrejas, associações, etc. Dá o que pensar...



4 comentários:

  1. Ao não sei... ao meu ver, a grande questão é que discutimos ética como se fosse algo tão distante de nós, algo como se em algum momento da vida fosse aparecer um grande "diabão" em nossa frente e nos fazer escolher entre bem e o mal.

    O que esquecemos, ou fazermos questão de esquecer é que ética está presente em cada minuto de nossa existência, todo segundo é uma decisão ética no fundo... o video acima nos choca por nos obrigar a ver o que fazemos questão de esconder ou dar uma boa desculpa para ignorar...

    Tenho uma tendência a concordar com ele... e a achar que um dia, quem sabe um dia, possamos realmente encarar as coisas como elas devem ser encaradas.

    Abração!

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    1. Então, pra ele “esse dia” pode ser qualquer dia! Simplesmente porque não precisamos esperar. É só fazer.

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  2. Lembrei-me de Teresa de Lisieux...( ando em um momento religioso...rs).... "Através dos pequenos gestos chegamos à santidade".
    A ética só tem serventia se sua função for pessoal e não do outro.
    bjs

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