domingo, 28 de setembro de 2014

Lex Medlin, Sam Amidon e Eu

Sábado à noite. Íamos conhecer a casa nova de uma prima. Mas, aos costumes, ela teria que dar uma passadinha (conheço e detesto esse tipo de pit stop!) na casa da amiga x, para entregar o trabalho y, coisa de 15 minutos... hum, rum!

“- Seguinte: eu fico aqui, vou à farmácia e depois tomo um café na loja de conveniências (que eu adoro!) e você me pega quando voltar.”

Essa loja fica num posto Shell, enorme, perto de Congonhas. O lugar se parece muito com aquela rede que eu conheci nos USA... não lembro o nome. Agradabilíssimo! Café demais de bom! Música ambiente (som baixo, raridade!) muito legal, AC na temperatura certa. Quase ninguém: um casal, mais um rapaz, que parece trabalhar no posto, e eu. Sempre “bomba” depois das 23 horas. Ainda não era 21. Pedi um café duplo e procurei uma mesa de frente para a Av. Moreira Guimarães. Ele entrou.



Deve ter por volta de 50tinha. Gordinho... não, fofo! (rs) Lembra demais o Lex Medlin, aquele ator que trabalha naquela série de TV... como é mesmo o nome? Esquece! Tem coisas que só o eletromagnetismo deve explicar, ou a minha atual falta de... deixa pra lá! Era impossível desviar os meus olhos. Será que dei muita bandeira? Aquele monte de mesinhas vazias e ele senta em uma exatamente do meu lado. Na falta de algo pra me distrair, pego o meu novo celuleco...

“- Desculpe, esse é o novo da Motorola?”... Lex puxando conversa?!
“- É sim... um smart pra principiante. E que, por simples que seja, ainda não consigo mexer direito! rs”... (como estou fora de forma! vontade de me enfiar debaixo da mesa!)
“ – Posso ver?”... ele vem pra minha mesa... (maldição! ele tá usando Polo Green! mesmo perfume do...)

Cinco minutos depois e já falamos das próximas eleições (ele é PSDB... nada é perfeito na vida! rs), da falta de chuva, da tranquilidade do trânsito aos sábados. Interessante: de tão fechado que sou, devo passar a imagem de mal humorado frequentemente... e isso muda de maneira radical quando, por algum motivo, “vou com a cara” da outra pessoa. Ele, ao contrário, foi, é, deve ser simpático por natureza. O tipo de rosto que parece estar de bem com a vida. E a conversa fluindo.

Hum... nada nos dedos da mão esquerda! O que não quer dizer muita coisa, convenhamos. Se for casado, pelo menos não é ostensivo. Meu gaydar... será que pifou? “Molinho” ele não é! (rsrsrs) Educado, instruído (parece), se exprime bem, fala pausadamente. Algumas vezes olhou direto nos meus olhos. Desviei meu olhar... eu era tão bom antigamente! Hoje, quase um fiasco. Pelo menos não gaguejo... era só o que faltava! A merda é que, nessas horas, o puto do tempo parece voar. Toca o meu celular: “- Daqui a 5 minutos eu chego!” 

“- Vou pegar mais um café. Você quer?”
“ – Não, obrigado. Daqui a pouco minha... amiga (oi?)... vem me pegar.”

Quase meia hora de uma conversa muito, mas muito agradável, daquelas que não tenho com um desconhecido há muito tempo e, só restam mais 5 minutinhos. Pergunto, ou não pergunto algo mais, digamos, pessoal? É casado? Mora onde? Faz o que? Tá a fim? Gostou de mim? Ops, isso nunca! (rs) É, a realidade não ajuda! E os minutos como que, de repente, começaram a parecer mais longos. Ele tomando outro café (aqueles lábios, suaves, “beijando” a xícara... ai, ai...) e eu, olhando.

“- Bem, já vou... prazer em te conhecer!” Quando abro a porta de vidro, olho pra trás. Ele acena com a mão. Sorriso mais lindo! Por um momento eu queria estar a uns 10 anos atrás, nessa exata situação. Sei não, algo me diz que, provavelmente, eu me apaixonaria...

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Que domingo pavoroso! Só não está pior, pois saiu o novo álbum do Sam Amidon. Lily-O. Ele está muito bom, como sempre. O folk mais sofisticado que conheço. Apesar de que agora as canções estão parecendo mais... mais... mais... solitárias...


quarta-feira, 24 de setembro de 2014

John Wayne Gacy Jr.



Casado, 2 filhos, formado em administração de empresas, caridoso, cidadão exemplar, membro da defesa civil de Illinois, vizinho estimado, promotor de festas, em muitas das quais se vestia de palhaço para entreter as crianças...

Pai alcoólatra, irascível, nutrindo um profundo desprezo por homossexuais... batia na mãe e o punia violentamente por qualquer coisa que considerasse um erro. Apesar de tudo, sempre dizia que amava o pai profundamente...

Modus operandi... as caçadas aconteciam com seu Oldsmobile preto. A caça: rapazes, a maioria adolescentes, a quem eram oferecidos empregos em sua empresa de construção. Dopados, algemados, amordaçados com suas próprias cuecas (sua marca registrada), torturados e abusados sexualmente. Estrangulados...

Enterrados em seu porão foram 27 corpos identificados. Mais 6 corpos encontrados em rios da região. Acredita-se que existiam mais em outros lugares. E que nunca foram achados...

Condenado a 21 prisões perpétuas e 12 penas de morte, foi executado por injeção letal em 10 de maio de 1994. Uma de suas frases durante o julgamento: “A única coisa da qual eu deveria ter sido acusado era ter um cemitério sem licença para isso.”



Essa história sombria é o tema dessa canção belíssima do Sufjan Stevens, um dos cantores mais espiritualizado e doce que eu conheço. Acredito, porém que, além da história de John, a letra trata do obscuro que existe em cada um de nós. Dos terríveis segredos, tornados inconfessos à nossa razão soberana...

Quantas pessoas cada um de nós já matou? Quantas vezes já nos matamos?

“And in my best behavior
I am really just like him
Look beneath the floor boards
For the secrets I have hid…”


domingo, 21 de setembro de 2014

Jesus... toma conta!

Acho que, sinceramente, estou despirocando! (rs) Fora um sonho que tive, hiper-mega-blaster estranho e preocupante (er... até certo ponto! rs), agora dei de ficar ouvindo música country. Não que eu não goste... mas, uma semana seguida, é um pouco demais! Enfim, fiquei mais focado em dois lindinhos, digo, cantores.




Primeiro, um “clássico”: o Blake Shelton (18/06/1976), que, desde a sua estreia no mundo musical em 2001, vive uma carreira de bastante sucesso, sendo figurinha carimbada de programas de TV, inclusive em várias temporadas do The Voice. Ele faz o gênero country romântico, tão emotivo... coisa linda! (rs)




O segundo eu descobri recentemente: o Lee Brice (10/06/1979... outro geminiano!), na estrada desde 2007. Ele faz um country mais moderno, salpicado com um pouco de pop/rock e alguns toques de jazz. No quesito “coisa linda”, tá pau a pau com o Blake!


PS: Sobre o sonho... se eu tiver coragem, depois de racionalizar eu conto! (rs)






sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Lata's Birthday

Ele não tem mais 18 anos, humm, quer dizer... ele não é tão inocente assim, humm, quer dizer... digamos que tá progredindo! Ao menos o caixãozinho branco foi dispensado! (rsrsrs) Só falta agora arranjar alguém para um happy end dessa história! Se depender de paciência, certeza que não haverá problema.

Parabéns, fiote! E, vamo que vamo...


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Bons Tempos... com Deacon Blue



Que delícia! Hoje experimentei aquela sensação de voltar ao passado... a um bom, lindo e delicioso passado. Que, pra mim, situou-se entre 1985 e 1999. E quem me proporcionou esse momento recordação foi o novo álbum do Deacon Blue: A New House. Interessante que eu nunca considerei o Deacon como um dos meus “dinos” (as bandas que me marcaram mais profundamente, como Pink Floyd, Yes, Led, etc.), mas, naquela época, eu adorava as suas canções, que me passavam um sentimento de liberdade... eram um de meus companheiros fiéis de viagem nas madrugadas!

Na era das fitas cassete (ai, ai), com as músicas dessa banda servindo de fundo musical, eu, meu carro, quase sempre pelas estradas entre Sampa e Serra Negra, por vezes Bertioga... sonoridade suave, letras consistentes, vocais maravilhosos, romance (e sacanagem, rs) no ar! Eu sempre sozinho, adorava viajar à noite, madrugada, muitas vezes “explorando” as cidades nos caminhos... foram tantos lugares, tantas pessoas, a maioria nem o nome eu acabei sabendo! Importava?

Raintown (primeiro álbum, de 1987), lembro perfeitamente, era a primeira vez que, indo pra Serra, resolvi conhecer Jaguariúna. Sexta-feira, ex em algum curso/congresso (bons tempos em que haviam cursos que duravam muitos dias, em cidades beeeem longe, rs) e eu, livre, leve, solto, “explorador em ação”! Devia ser por volta da 1 da madrugada, rodando, sem conhecer nada da cidade, vejo um barzinho bem “animado” (sempre fui ótimo em detectar lugares e pessoas “animadas” na noite!). Pelo corte do cabelo, ele deveria estar servindo ao exército. Olhares que se cruzam, obviedades que não se explicam, ele sentado, sozinho, próximo ao balcão. Meia hora depois já estávamos no meu carro... mais 5 minutos, motel... ele foi o primeiro naquela cidade (quantos foram no total?).

Eu conheci (no sentido bíblico da palavra, rs) várias pessoas, em lugares absolutamente improváveis... Pedreira, Morungaba, Amparo, Socorro, Águas, até a absurdamente pequena Monte Alegre do Sul (devia ter uns 5 mil habitantes!)... não conseguiria contabilizar a quantidade certa. Aliás, era de Monte Alegre um moçoilo, coisa mais linda! Tipo descendente de italiano, sotaque caipira bem carregado, na época devia ter uns 25 anos (eu, mais de 30, rs). Na verdade, o conheci em Amparo (saindo de Amparo tem uma bifurcação: ou se sobe a serra, em direção a Serra Negra, ou se segue em frente, para Monte Alegre), bem tarde, passava das 2 da madrugada.

Ele estava no ponto de ônibus. Ao passar de carro, bati o olho e... maior trabalheira pra fazer o retorno! Aos costumes, parei pra pedir alguma informação (que golpe mais manjado!) e, obviamente, como quem não quer nada, perguntando sobre o que ele fazia ali, àquela hora. Tinha perdido o último ônibus, pois havia ficado mais tempo que o normal na casa da... namorada! Balde de água gelada, ein! E nem tinha desafio do balde naquela época! (rs) Mas, como sou um poço de bondade, perguntei se ele não queria uma carona. Fazer caridade rende pontos no céu...

Conversa vai, conversa vem... ele trabalhava como garçom numa pizzaria em Amparo, família humilde, uma irmã menor, pretendia voltar aos estudos, bla, bla, bla... chegamos! Era bem perto (não chegava a 30 kms de Amparo) e, ao agradecer, perguntou se eu não queria tomar alguma coisa, um refri. Argumentei que não seria de bom tom um estranho em sua casa, em plena madrugada, coisa e tal. Ao que ele respondeu que a família não estava (oi?!), pois passariam o fim de semana no sítio de um parente. Hum... que beleza de radar que eu tinha, né! (rs) Não deu outra! Papo vem, papo vai... ele era tão inexperiente! Tão tremulozinho, coisa mais rica! Realmente, boas ações geram bom frutos!


Eita, que ficou um post super mal escrito! Mas, voltando ao Deacon Blue... foi uma grata surpresa saber que ainda estão vivos. Bem mudados, certamente (um integrante que já morreu, outro que saiu, outro que sumiu... é a vida!), mas ainda com a capacidade de produzir músicas muito legais!

Loaded... essa é do primeiro álbum...





Ah, eles também repaginavam músicas antigas. I'll Never Fall in Love Again… muito bacana!


sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A Ética Utilitarista - Dois Dilemas



Os dilemas abaixo apresentados foram descritos por Bernard Williams, filósofo especializado na temática da Moral, e se basearam em histórias verdadeiras. O objetivo desses dilemas é levantar objeções à Ética Utilitarista, como proposta por John Stuart Mill.

“George é um químico brilhante, atualmente fazendo um doutorado, mas que não tem emprego. A sua saúde frágil limita suas opções de trabalho. É casado e tem dois filhos. É o trabalho da sua mulher que garante a subsistência da família, que vive dificuldades e tensões. Os filhos ressentem-se de tudo isto e tomar conta deles tornou-se um problema. Certo dia um de seus professores lhe propõe um trabalho bem remunerado num laboratório que faz pesquisas relacionadas com guerra química e biológica. George é contra este tipo de guerra. Já a sua mulher nada vê de incorreto nesse tipo de trabalho. Quer ele aceite ou não, a pesquisa prosseguirá, pois George não é realmente necessário, ou fundamental aos trabalhos desenvolvidos. Se você fosse George, como agiria?”

“Os acasos de uma expedição botânica levam Jim, um renomado pesquisador, para o centro de uma aldeia sul-americana. De repente, ele vê à sua frente uma série de homens atados e alinhados contra uma parede. Estão prestes a ser fuzilados. Mas tudo dependerá de Jim. O capitão que comanda as operações concede a Jim o privilégio de matar um dos homens. Se Jim o fizer os outros serão libertados. Se recusar a proposta, todos morrerão. Se você fosse Jim, como agiria?”

Apenas como observação: segundo a teoria utilitarista, George deve aceitar o emprego e Jim deve matar o homem. Não se trataria, segundo Mill, apenas de dizer que nada há de errado nisso, mas de afirmar que essas são as opções corretas e óbvias. Além do que são aquelas que agregam maior felicidade, tanto aos protagonistas (George e Jim), quanto às outras pessoas que os cercam. Dá pra entender?

Fácil, ou difícil de responder? (rs)


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Post-Mortem

Encontrei ontem esse curta. Gosto muito dessas coisas, à primeira vista despretensiosas, mas que exploram, de uma forma simples, assuntos bem complicados. Dois caras se encontram num café (sempre tem café nas histórias! rs), depois de algum tempo separados, e o papo rola... Mas, o que “pega”, é a sequência final... sem palavras, tornadas desnecessárias.

Não acredito em amor eterno. Nada é eterno! O que não quer dizer que não sou do tipo romântico! Penso que, ou o amor se transmuta, com o passar do tempo, em outra coisa, ou simplesmente morre. E como toda morte, pode acontecer de diferentes formas. Já vi amores morrerem envenenados por ciúmes, ou enforcados pela sufocação (que muitas vezes se traveste de cuidado excessivo), ou mesmo atropelados por uma traição. Só não vi ainda amor morrer de velhice, de morte natural, sem que não tenha, em algum ponto do passado, se transformado em amizade.

Já tive dois amores. Um morreu a facadas, quase um homicídio! E se nos primeiros tempos me parecia que o sangramento não iria passar, depois, de tão mornas que se tornaram as lembranças, restou apenas uma indiferença absolutamente surda. O outro... não sei se o matei. Talvez ele não devesse ter morrido na ocasião. Eu quis que ele morresse, eu vi que ele caminhava para algum abismo e nada fiz para salvá-lo. Porém, como não houve funeral, nem missa de sétimo dia, é como se ele, ainda hoje, pudesse ressurgir no horizonte a qualquer momento.

Pensando bem, ele morreu sim... hoje é apenas um segredo, ou uma história só minha, do que poderia ter sido, mas arranquei do chão enquanto ainda germinava.


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

King Creosote - Diamond Mine



Kenny Anderson é um cantor e compositor indie/folk escocês (que adotou o nome artístico de King Creosote... faço a menor ideia disso! rs) dos mais prolíficos. Entre LP’s e EP’s são mais de 40 álbuns lançados desde 1995! Tá certo que, no meio dessa enorme discografia, tem músicas muito boas e outras... Entretanto, um dos seus álbuns faz parte do que eu chamo de “meus álbuns de cabeceira” (rs), daqueles que não canso de ouvir. Trata-se de Diamond Mine (de 2011), resultado de uma maravilhosa e inusitada parceria com o músico inglês Jon Hopkins.

Explicando: Kenny tem a típica sonoridade do folk escocês... simples, camponês, sem adornos. Já Hopkins é um músico sofisticado, eletrônico e minimalista (lo-fi), quase beirando o erudito. Dessa união (seria um casamento? há quem diga... rs) nasceu esse verdadeiro diamante. Pelos arranjos de Hopkins a Escócia rural de Kenny ganhou uma magia quase sobrenatural. Dá pra sentir a brisa do mar, as gaivotas, os sons dos portos, a vida fluindo mansamente... e são apenas 7 canções a nos conduzir por tudo isso! Vale a pena!