quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Outro Príncipe



Saindo do frescor bucólico do Sean, envolvido pela magia do fluxo da natureza, vamos agora para o folk céltico e o furor gaélico de Damien Dempsey. Uma realidade bem diferente... fábricas, trens, casas nos subúrbios de Dublin. E pessoas: operários, jovens, estudantes, desempregados, desiludidos, lutadores. Para Damien as pessoas são a música; sua voz se confunde com a voz da Irlanda! E ele canta (como quem vive e desafia) sobre injustiça, saudade e perda, dor e esperança, desespero e aventura, emoção e infância... amigos que se foram, amores...

Seus primeiros álbuns eram marcados pela raiva, com músicas de protesto, desafiadoras. Com o tempo (e amadurecimento), ocorreu uma reorientação temática. Ele passou a cantar mais sobre o que tem guardado no fundo da alma, suas experiências de vida e, a meu ver, encontrou definitivamente sua melhor veia. Destaco duas músicas dessa “virada”: Chris and Stevie, um maravilhoso poema sobre a relação de dois amigos da adolescência (ficamos na dúvida até que ponto uma homo relação) e seu trágico fim... e Canadian Geese (vídeo abaixo, rs), uma janela aberta na sua infância, seus devaneios, sua imaginação a observar essas aves migratórias.  

E tem mais: apesar da origem humilde, grande parte de suas letras trazem referências de grandes escritores! Vemos citações de Orwell, Kavanagh, Joyce, Wilde, tudo aliado ao belíssimo lirismo contido em suas canções. Fora a sua presença de palco, seu magnetismo, sua força (ele foi lutador de boxe na juventude) e sua doçura. Precisa de mais para ser um príncipe? Ah, e tem o sotaque... adoro! (rs) 

Voz e violão e tenho a impressão que existe uma banda inteira no palco. E não tem?


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