sábado, 2 de maio de 2015

Alcatraz

“O derradeiro mistério somos nós próprios. Depois de termos pesado o sol e medido os passos da lua e delineado minuciosamente os sete céus, estrela a estrela, restamos ainda nós próprios. Quem poderá calcular a órbita da sua própria alma?”

(Oscar Wilde – “De Profundis”)

Quanto de ilusão, quanto de verdade, quanto de consistente esboçamos nesse rascunho inacabado de nós mesmos? Por nossas latências buscamos cumprir no mundo todos os ideais dos nossos sonhos. Quanto de confusas, desmemoriadas, são nossas lembranças? Isso foi, existiu, ou não passou de um despertar fortuito na madrugada, o latido do cão que o provocou?

Entre o amargo, o doce e o ácido, nada há que nos defina, nem que nos permita definir-nos. De onde viemos, pra onde vamos? Importa? Seguimos dançando, com passos desengonçados, entre um ponto que já foi e outro que será. Será?

(Hey Rosetta – isso é nome de banda? rs – Alcatraz... música forte. Poesia do âmago!)


2 comentários:

  1. Que beleza Luiz.

    Quanto a isto "Entre o amargo, o doce e o ácido, nada há que nos defina, nem que nos permita definir-nos. De onde viemos, pra onde vamos? Importa? Seguimos dançando, com passos desengonçados, entre um ponto que já foi e outro que será. Será?" ... não tenho a menor dúvida!

    Beijão

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  2. Adorei o texto !

    O som não é muito minha praia, como vc já sabe, mas achei bonito !

    Abraço !

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