quarta-feira, 23 de setembro de 2015

The Last Prom On Earth

Dentre as minhas esquisitices em matéria de gosto musical, existe uma que não consigo entender, racionalmente falando: o gostar muito de certas músicas, mesmo sem gostar da banda/músico. Essa, da banda Gayngs (um grupo de Minneapolis, com mais de 20 pessoas, que fazem um indie pra lá de sem graça) é um bom exemplo. Desde que ouvi pela primeira vez (isso há uns 5 anos) The Last Prom On Earth entrou para o rol de minhas prediletas! Ontem, bem tarde da noite, encontrei esse vídeo.

Quando eu era jovem (isso há anos e anos e anos, rs) eu gostava demais de bailes, especialmente os de formatura. Já sei, meio cafona, além de não “combinar” com o meu jeitinho filosófico de ser, mas, era isso. Clube Pinheiros, Círculo Militar, perdi a conta. Ontem me lembrei de um (era a formatura de uma amiga, Ana Júlia, médica – parece coisa do destino, né! – meio que tínhamos uma paquerinha) e, pela primeira e única vez eu convidei, adivinhem? Pois é, já fazia quase 1 ano que eu conhecia o Fernando. Não tínhamos nada ainda (nem uma tranzinha sequer! dureza...) mas, muito provavelmente, havia algo além de uma amizade. E que não era somente o tesão que fez com que eu me aproximasse dele.

Eu não sou uma pessoa detalhista, que retém na memória coisas e fatos supérfluos. No caso desse baile... basta fechar os olhos e as lembranças são as mais nítidas possíveis! Passamos o tempo todo conversando, regados a Cuba Libre (era o tempo!). Ele estava com uma camisa gola de padre (rs) branca, calça cinza grafite (lindo, esguio), uma bota de bico quadrado que eu adorava. Lancaster... aqueles olhos azuis, céus! Teve uma hora, estávamos na área externa, eu falei que, se ele topasse, poderíamos dançar. Ele corou! Coisa mais linda! Tocou na minha mão... hoje entendo que era impossível! O amor, quando está nascendo, transforma tudo e qualquer coisa em beleza absoluta. Mesmo e, talvez, principalmente as simplicidades...

Não teve dança, óbvio. Nem nunca mais. Chance certa, tempo errado, fazer o que! E tudo isso me veio ao ouvir essa música, pela enésima vez. Deve ser pela vibe final dos anos 70 dela...


domingo, 20 de setembro de 2015

Tò Sumpósion #1



Sobre o amor, como Aristófanes expos, na casa de Agatão e na presença, entre outros, de Sócrates, Aristodemo, Fedro, Pausânias, Erixímaco e Alcibíades:

Houve um tempo em que os seres humanos eram de três tipos: homem, mulher e andrógino, vivendo em “estado duplo” (homem/homem, mulher/mulher e homem/mulher), unidos pelo abdome. Por se sentirem tão autossuficientes e cheios de si nessa completude e felicidade absoluta (o que ameaçava o “ser” da divindade), foram divididos ao meio por Zeus. Desde então, cada metade ficou condenada à falta, à incompletude e à tarefa do reencontro da parte perdida, da parte que completasse o seu ser originário. E, Aristófanes nos fala: o amor é justamente essa busca constante e incansável! Entretanto, enquanto busca (e não garantia de encontro), o que importa é a possibilidade de se pensar que um ser apenas pode existir em relação a um outro com o qual se possa estabelecer um laço, um vínculo, uma cumplicidade. A outra metade que, na sua presença e na sua ausência, consegue declarar aquilo que somos, enquanto miticamente divididos e errantes.

Em sendo assim, o amor não é um fenômeno, mas sim um anseio, uma busca do homem por uma totalidade do ser, outrora possível e, agora, momentaneamente inacessível...

“Quando acontece encontrar alguém a sua metade verdadeira, de um ou de outro sexo, ficam ambos tomados de um sentimento maravilhoso de confiança, intimidade e amor, sem que se decidam a separar-se, por assim dizer, um só momento. Essas pessoas, que passam juntas a vida, são, precisamente, as que não sabem dizer o que uma espera da outra. [...] E a razão disso é que primitivamente eram homogêneos. A saudade desse todo e o empenho de restabelecê-lo é o que denominamos amor...”

Não se fala apenas da união física que faz com que um sinta um prazer tão grande com a presença do outro e a ela aspire com tanta força, mas é, indubitavelmente, uma coisa diferente o que a alma de ambos quer... uma coisa que ela não pode exprimir e que só palpita nela como obscura intuição do que é a solução do enigma da sua vida.

“Falo tanto do homem como da mulher, para afirmar que nossa espécie só poderá ser feliz quando realizarmos plenamente a finalidade do amor e cada um de nós encontrar o seu verdadeiro amado, retornando, assim, à sua primeira natureza.”

(Deveras interessante... apesar de que existem outros pontos de vista...)


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Her Name Is Calla



Não sou muito chegado em música experimental. A maioria das bandas que produz esse tipo de música, em geral, transita entre o eletrônico e o lo-fi, numa sequência pra lá de cansativa de instrumentais e pobreza de letras. Algumas bandas, entretanto (poucas, na verdade, e um bom exemplo é o Sigur Rós), com uma sonoridade indie/post-rock, conseguem me conquistar. É o caso de Her Name Is Calla, banda inglesa de Leicester.  

Desde seu álbum de estreia (The Heritage, de 2008) já se podia sentir sua vibe: um maravilhoso jogo entre luz e sombra, delicadeza e brutalidade, instrumentais riquíssimos, letras tipo “porrada no estômago”, verdadeiros poemas emocionais e reflexivos, tudo na medida, sem excessos. Eles não têm nada de pop. Ao contrário, ouvir suas músicas requer atenção e um certo gosto sofisticado, digamos... (rs)

Dois álbuns imperdíveis: The Quiet Lamb, de 2010 e Navigator, de 2014. Fora esses, mais 3 EP’s basicamente apenas instrumentais. Recomendo demais!

Pra dar uma ideia do naipe deles: Burial, do álbum Navigator.

No one has to know, because no one will care
You trusted this with me
I let it slip away
I took both your dogs out back
And buried them with pieces of you
I don’t have choices, only anger
And this will be my final mistake


terça-feira, 8 de setembro de 2015

Games Again

We're playing card games
Till some dawn
We're playing heart games
Please, please, please, please play along


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Bem Que Eu Poderia

Eu poderia falar de Narcos, que me fez não desgrudar do note antes de terminar o último episódio (Zé Padilha é o cara!). Eu poderia falar que ando tão desanimado da vida, que nem mais me entusiasmo com algumas aulas que exploram novos assuntos (cansado de monólogo!). Eu poderia falar que detesto cada vez mais os fins de semana (vida besta!). Eu poderia falar que, ando tão zen, a ponto de nem me incomodar com as incríveis imbecilidades que escuto dos meus amiguinhos do astral (bem provável que tudo termine, de fato, em pó!).

Fico, por enquanto, insistentemente, com o indie/experimental do Peter Broderick. Por enquanto...