quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

The Gloaming



Banda irlandesa formada em 2011, The Gloaming é o resultado da união de 5 músicos com formação erudita e cuja principal característica é a releitura da tradição folk/céltica, porém com uma estruturação musical absolutamente sofisticada. Dentre os temas musicais explorados pela banda, dois me são particularmente caros: a linguagem (sou fascinado pela sonoridade das palavras em línguas que desconheço!) e a temporalidade das coisas, do mundo, do homem. Aliás, onde melhor podemos ver o efeito do tempo, a não ser na linguagem?

E por falar em tempo (rs), tenho cá pra mim que, mais poderoso que cigarro, álcool e drogas, esse nosso “amiguinho” é de lascar! É uma verdadeira poção de veneno, que a natureza nos põe nos lábios e que possui uma essência que supera todas as coisas. Por vezes, ele abre nossos sentidos, adicionando poder e nos levando a sonhos exuberantes. Então o chamamos de esperança, felicidade, amor. Outras vezes, em geral depois de nos saciarmos em demasia, perdemos estatura, força, beleza, e assim terminamos em fantasia e delírio irreais. Haja sabedoria para distinguir um estado do outro!



Voltando à banda... acaba de sair seu segundo álbum, simplesmente chamado de 2. É dele essa canção que escolhi pra ilustrar o post. Editei o vídeo com imagens da Irlanda (em timelapse, naturalmente, rs), embaladas por essa jóia belíssima: Casadh an tSúgáin (A Torção da Corda). Escrita em gaélico medieval, é um belo exemplo do estilo de interpretação característico da banda. O refrão...

“Você vai ser meu
Tesouro do meu coração
Você vai ser meu
Antes de qualquer coisa do mundo
Você vai ser meu
E cada polegada do meu coração
Chora quando você não está...”

Tem como não amar?!


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Saber e Sabor



“A experiência mostra que os homens rústicos, de espírito mais grosseiro, dão parceiros sexuais mais vigorosos e desejáveis; deitar-se com um carroceiro é com frequência mais gratificante que deitar-se com um gentil-homem. Como poderíamos explicar tal coisa, exceto pela suposição de que as emoções no interior da alma do gentil-homem minam e esgotam a força do seu corpo, assim como exaurem e deformam o seu espírito?” (Montaigne)

Pegada: Sinal ou vestígio do pé; conjunto de marcas deixadas pela passagem de algo ou alguém; conjunto de marcas que resultam de uma ação. (Dicionário Aurélio)

Em minha singela opinião, pegada é o resultado da união de vontade, feeling e timing. É o toque que arrepia, o beijo que consome a boca, o segurar a nuca, a cintura… sensação de falta de ar. É ter ousadia para deixar o instinto comandar todos os atos, língua e discurso. Aliás, quanto mais língua e menos discurso, melhor! (rs) Trocando em miúdos: a pegada é o território do corpo, do impulso, do instinto. Montaigne associa tudo isso ao que ele chama “homem rústico”, em contraposição ao “gentil-homem” que, para ele, refletiria o que comumente designamos postura romântica.

Debate que tive com uns amiguinhos hoje à tarde: é possível o amor romântico com pegada? Nunca imaginei que pudesse haver tanta controvérsia!

PS: A título de ilustração, um dos meus queridos cantores de kipá, que melhor une romantismo e pegada. Davi seja louvado! (rs)


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Mark Forster



Jamais pensei que algum dia escreveria isso: eu gosto de rap! (rs) Quer dizer, explicando: num desses fóruns musicais malucos que frequento, fui apresentado a esse cantor, Mark Forster (já vi esse sobrenome em algum lugar, rs). Rapper, alemão, hum... será? Super recomendado por uns carinhas que entendem de música (ao menos daquele tipo que gosto). Não custa, né... fui pesquisar.

Tudo bem que, alemão... afinal, pra que serve o Google Translator? Adorei! Além de escrever muito bem (nunca imaginei que seria possível rap com poesia!), ele tem a ousadia de inserir toques de música erudita em suas composições. Fora a temática, que continua a do rap “tradicional”, mas revelando uma beleza que... o cara tem uma doçura na voz! Paixonei! (rs)


quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MONEY



Eles são de Manchester, Inglaterra e fazem um indie/experimental/etéreo (rs), que me agrada muito. Não fazem muito sucesso, nem de público e, principalmente, de crítica. São chamados de pessimistas, confusos, desesperados, focados excessivamente na figura de Jamie Lee (líder e letrista da banda) e outros adjetivos desse naipe. Sinceramente: ou eles fazem parte de minhas idiossincrasias musicais (rs), ou são incompreendidos!

As tais “letras confusas” são repletas de citações nietzschianas (Lee é leitor ardoroso de Rilke... conhecem?) e misturadas a sexo (homo/hetero... na boa!), álcool, drogas... que mais? “A morte é apenas uma ilusão, um muro alto, que não permite que vejamos o outro lado... Não é o fim. Não há tal coisa como o fim. Tudo é sempre o começo...” Suas letras, na verdade, falam sobre a frustração inerente à condição de nossa individualidade, algo como estar perto dos outros, do mundo, mas nunca realmente “com eles”. Isso, pra mim, é a mais poética metafísica existencialista, bem ao estilo de Rilke.


Acaba de sair seu segundo álbum, Suicide Songs... de certa forma, a continuação do primeiro (The Shadow of Heaven). Talvez com uma diferença: desespero e esperança aparecem agora em doses iguais. Na bela música que inicia o álbum (I Am The Lord), entre sons de música hindu, a voz rasgada de Lee canta: "Eu não quero ser Deus... Eu só quero ser mais humano." Mim gostcha! (rs)