sábado, 22 de outubro de 2016

Anoitecer

Trago em minha boca (ainda) o gosto dos poemas que não te fiz. Ou, se fiz, não te entreguei. Ou, se entreguei, não prestei atenção  no sorriso que (certamente) me deste. (Lembro que você sempre sorria pra mim, mesmo que eu fingisse não notar, tragado pela ânsia da vida que me alcançava).

Teve um tempo - antes de escolher os caminhos do silêncio - em que eu amava a sonoridade das tuas palavras. E todas elas (cada uma delas) sempre me diziam que eu nunca estaria sozinho. Por que será que eu não aprendi que nunca estive sozinho?

Da série Delicadezas: coisas assim, que tive e não percebi.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

The Slow Show



Eles são de Manchester e, ao ouvir as primeiras músicas, lembra um pouco The National, Tindersticks, Nick Cave... pelo menos eu lembrei (rs). Mas, essa primeira impressão rapidamente desaparece diante da belezura contida, não apenas na requintada riqueza dos detalhes melódicos das canções, como também na poesia (quase sempre tensa!) das suas letras.

Eles lançaram seu primeiro álbum (White Water), em 2015, com uma postura de gente grande, fazendo um som refinado e de qualidade. E tem a voz grave (barítona? rs) do Rob Goodwin: carismático, envolvente, além de ser o responsável pelos arranjos minuciosos, onde cada instrumento soa, ao mesmo tempo, profundo e delicado. E tem os “complementos”: piano, violino, trombone (por vezes até coral), simulando uma pequena orquestra, reforçando o sobretom quase sempre melancólico do conjunto básico de guitarra, baixo e bateria, ou seja, uma trilha perfeita para o vocal aveludado do rapaz.

Agora, lançaram seu segundo álbum: Dream Darling. E eu me pergunto: como foi possível eu só ter descoberto essa maravilha semana passada?!