quarta-feira, 17 de maio de 2017

Peso Pesado

Queiramos ou não, existem padrões. Faz parte das categorias do entendimento humano (aprioristicamente, como diria Kant, rs) pensar, trabalhar, conviver com a noção de padrão em todas as nossas atividades. E, sem confundir com o conceito de “normal” (longa discussão... melhor deixar pra outra oportunidade), ou até do de “maioria”, que só possui validade para a estatística. Para não polemizar muito, podemos associar padrão a “esperado”. Assim, por exemplo, espera-se que, ao embarcarmos em um avião com destino a Paris, cheguemos a Paris. Ou, quando estamos com fome, se comermos alguma coisa, esperamos que a fome passe. Existem infinitos exemplos, enfim.

O que é esperado do comportamento sexual de um indivíduo? Pode parecer reducionista demais, mas em essência é isso! Então, o que se passa em nossas adolescentes cabeças quando percebemos que o “nosso” esperado é outro? Falando por mim – e isso me aconteceu muito cedo – eu tive um misto de sentimentos... medo, desorientação (por que eu era diferente?), não aceitação... e aqui mora o grande perigo! Assim, acredito que a grande escolha - dado que é evidente não ter sido nossa sexualidade uma “nossa escolha” – passa a ser: exteriorizar ou esconder.

Penso que (e é apenas pensamento e não tese acadêmica, rs) o maior de todos os inimigos de nós homossexuais é nossa própria homofobia. Introjetamos de tal forma os padrões sociais em relação à homossexualidade que, mesmo inconscientemente, tendemos a negar, em princípio, nossa própria sexualidade. Como se isso fosse possível!

Essas ideias soltas me vieram ao assistir, semana passada, este singelo curta. Nada de muito extraordinário, ou artístico. Em compensação, a cena final... um soco no estômago! Até para não sair do contexto do filme: é um peso bem pesado... Vale a pena ver.